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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

17ª Festa do Livro da USP





Não caros leitores, não se trata de falsa promoção do tipo "Black Friday". Aqui o desconto é para valer! Trata-se de uma forma que as grandes editoras encontraram de promover as suas marcas junto ao público universitário. A Feira do Livro da USP já se tornou um evento cultural da capital paulista e atrai milhares de pessoas. A feira retorna ao seu local de origem, o prédio da História e da Geografia, do qual nunca deveria ter saído. Sim, porque lá está o seu grande público. Editoras como a Companhia das Letras, Paz e Terra, Edusp, Casacnaify, Editora da Unesp, Contexto, Brasiliense, num total de 150 exibidores, deverão marcar presença oferecendo os seus títulos mais importantes, com descontos em torno de 50%. Nada mal levando-se em consideração o preço dos livros em nosso país.
A sugestão é ir no primeiro dia, uma vez que, em certos casos, alguns títulos podem se esgotar. O evento ocorrerá nos próximos dias 9, 10 e 11 de dezembro de 2015, na Cidade Universitária, localizada próxima ao bairro do Butantã, na capital paulista, e como já lembramos, nas dependências do prédio da História e Geografia.
Para maiores informações é só acessar o site da Edusp:
http://www.edusp.com.br/festadolivro/

Atenção!
A Festa do Livro da USP precisou alterar novamente o local de sua realização, passando para a travessa C da avenida professor Mello Moraes, entre a Raia Olímpica e Praça do Relógio Solar, na Cidade Universitária. Uma estrutura de galpões e tendas totalizará 3.600 metros quadrados para comportar as cerca de 150 editoras que normalmente participam do evento e seu público. 









sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Anuncio Antigo 41: Presente de Natal



Está chegando o final de ano! Hora de pedir ao Papai Noel o presente de Natal. Tratando-se dos tempos atuais de consumo descartável e obsolescência programada (as empresas determinam a vida útil de um produto, para que o mesmo não demore muito para ser posto de lado), sem dúvida, o mais solicitado provavelmente será o celular de ultima geração. Mas, no distante ano de 1970, um toca discos portátil ou vitrola parecia ser um presente que agradaria aos jovens pré-adolescentes. O aparelho, fácil de ser transportado, permitia tocar disquinhos de vinil ou os chamados "compactos simples" de 33 rotações. A tampa do aparelhinho, quando  aberta, virava caixa de som. Cada disco compacto vinha com duas musicas gravadas: uma no lado A e outra no lado B. Havia uma vantagem, você poderia comprar, praticamente, apenas a música desejada dentro do catálogo do artista. Mas, não depreciem tanto esse pobre e aparentemente primitivo aparelho sonoro, pois o mesmo podia tocar um Long Play, popularmente chamado de LP, com seis gravações de cada lado em média. Ah, estava esquecendo, tinha o opcional do rádio também. 
Ainda não se pensava nos aparelhos de som de alta fidelidade (som estereofônico) para serem presenteados aos jovens de pouca idade. No máximo, nas famílias mais abastadas, tal equipamento poderia aparecer na sala de estar, como parte da mobília doméstica, assim como a televisão.
Os tempos mudaram, o vinil deu lugar ao CD e este às musicas disponíveis e baixadas na internet. As lojas de discos praticamente acabaram. Excetuando alguns nostálgicos, que ainda dispõem de "bolachões" guardados, sobretudo aqueles que não ganharam formatação nova, o público em geral não pensa mais nesses presentes do "tempo do Onça".
O Anuncio Antigo de hoje foi publicado no jornal "O Estado de S. Paulo" do dia 6.12.1970. 

sábado, 21 de novembro de 2015

Imagens Históricas 18: a Princesa Isabel e a Lei Áurea



A libertação dos escravos: 13 de maio de 1888. Nesse dia tivemos a assinatura da conhecida lei Áurea pela princesa Isabel, como mostra a foto acima, tirada diante do Paço Imperial no Rio de Janeiro e tendo a regente do trono (o imperador D. Pedro II encontrava-se na Europa para tratamento de saúde) na sacada do palácio, aclamada pela multidão, no mesmo dia da assinatura da famosa lei. Todos nós poderíamos imaginar que os problemas da população afrodescendente do Brasil estavam solucionados. Claro, deixar de ser escravo, de ser considerado uma simples mercadoria e sim um indivíduo livre, representou um avanço. Mas, um avanço que necessitava seguir adiante na promoção dessa massa populacional e da sua plena integração à sociedade brasileira, ou seja, que a mesma alcançasse plena cidadania. Isso está demorando para ocorrer, uma vez que, quase quatro séculos de escravidão deixaram sequelas. Uma população de ex-escravos que permaneceu ainda submetida ao controle dos fazendeiros na condição de arrendatários ou trabalhadores rurais. A outra opção, poderia ser ir para as cidades maiores, como Rio de Janeiro, Recife e Salvador, vivendo em condições miseráveis e dando origem às famosas favelas. O racismo e o preconceito social também ficaram arraigados em nossa sociedade, às vezes de forma pouco perceptível. 
Mas, vamos lembrar que a escravidão, naquele final de século XIX estava inserida dentro de um processo de transição para o trabalho livre. Desde 1850, com a lei Eusébio de Queiroz, que extinguia o tráfico de escravos da África para o Brasil, já se vislumbrava um futuro para o país sem o trabalho compulsório. A Inglaterra se engajava em uma campanha humanitária internacional contrária a permanência dessa ignóbil forma de trabalho e os Estados Unidos se dividiam em uma sangrenta guerra civil, entre outras razões, pela questão da manutenção ou não da escravidão. Em 1864, o presidente norte-americano Abraham Lincoln determinou a abolição do trabalho escravo, inclusive como forma de enfraquecer os Estados Confederados na Guerra de Secessão (1861-1865). 
Pois bem, na história brasileira, como nos lembra o historiador José Honório Rodrigues, em seu livro "Conciliação e Reforma no Brasil: um desafio histórico-cultural" de 1965, as mudanças se processaram mais como transições (ou conciliações) do que por rupturas violentas. Basta lembrar como ocorreu a nossa independência em 1822, promovida pelo próprio filho do rei de Portugal D. Pedro I (1822), o fim da monarquia (1889), a queda da Primeira República (1930) e da ditadura de Getúlio Vargas (1945). Eu ainda acrescentaria, dentro do raciocínio do grande historiador, as negociações que colocaram fim à ditadura militar e a aceitação pelos generais de um presidente civil, desde que fosse o moderado Tancredo Neves, em 1985. Tais conciliações eram realizadas tendo em vista a atender (muitas vezes, parecer atender) o desejo por mudanças, mas sem prejudicar as elites econômicas e os seus interesses.


Voltemos ao caso da escravidão. Antes da Lei Áurea, uma série de medidas paliativas haviam sido tomadas para atender aos abolicionistas e, ao mesmo tempo, não desagradar os grandes fazendeiros que ainda necessitavam dos escravos (na foto acima, de Marc Ferrez, escravos em um cafezal na província do Rio de janeiro, em 1882). Por exemplo, a Lei do Ventre Livre de 1871, que, em tese, garantia a liberdade do escravo recém-nascido, mas na condição de que este continuasse sob os cuidados do dono da mãe até atingir a maioridade. Que tal a Lei do Sexagenário (ou Saraiva Cotegipe) de 1885, que determinava a liberdade dos escravos com mais de 60 anos, em uma época em que a expectativa de vida da população era baixíssima, sobretudo da escrava. Como se dizia na época, eram leis "para inglês ver".


Ao mesmo tempo, muitos fazendeiros, sobretudo os cafeicultores de São Paulo, já se antecipavam ao futuro e começavam a recorrer ao imigrante europeu como alternativa ao escravo africano. O primeiro a fazer isso foi o senador Nicolau de Campos Vergueiro, proprietário da fazenda Ibicaba, na região de Limeira, interior de São Paulo, que em 1847, trouxe alemães e suiços para trabalharem em sua propriedade. Na época em que a Lei Áurea foi assinada (na foto acima, a princesa Isabel, ainda jovem, em foto sem data), a presença dos imigrantes no Brasil já era um fato irreversível e o trabalho livre no campo uma realidade, em que pesem o péssimo tratamento reservado aos italianos, portugueses e espanhóis, quase como se fossem mesmo escravos.


O mais incrível de tudo é que, mesmo tendo o fim da escravidão como fato consumado, quando a Lei Aúrea surgiu (na imagem acima, o decreto assinado pela princesa Isabel), muitos fazendeiros se sentiram prejudicados e reclamaram uma indenização do governo imperial pela perda dos cativos. Muitos historiadores apontam esse descontentamento como um fator que ajudou na queda de D. Pedro II e da monarquia, exatamente no ano seguinte ao fim da escravidão, em 1889. Claro que isso não explica, por si só, o fim do império. Inclusive a assinatura da Lei Áurea era uma forma do regime monárquico buscar mais prestígio diante do avanço do movimento republicano.  
A imagem histórica de hoje foi extraída do livro "Protestos e Passeatas: a construção da democracia", da Coleção Folha Fotos Antigas do Brasil (2012), volume 13, página 13 (que coincidência, para lembrar o dia 13 de maio).
Crédito das demais imagens:
Escravos em um cafezal na província do Rio de Janeiro: O Café: uma moeda forte para o país. Coleção Folha Fotos Antigas do Brasil. Editora Folha de S. Paulo, 2012, vol. 16, pag. 23. 
Foto da princesa Isabel ainda jovem: coleção Brasiliana Fotográfica
http://brasilianafotografica.bn.br/
Foto do decreto da lei Áurea: Coleção Grandes Personagens da Nossa História. Abril Cultural, 1969.