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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Anúncio Antigo 38: Lâminas de Barbear Gillette



Caros leitores, o êxito de uma invenção ou de um produto pode ser comprovado quando o mesmo acaba incorporando o nome de seu inventor. Nenhuma pessoa, por exemplo, vai a um supermercado e pede uma "palha de aço", mas solicita um "Bom Brill", como também ninguém pede a fotocópia de um documento, mas uma "Xerox". Um outro caso bem conhecido foi o da lâmina de barbear. A marca "Gillette" acabou por permanecer associada ao próprio produto, independente do fabricante ser a Gillette ou outro concorrente.


Aliás, a imagem de seu criador, o norte-americano e ex-vendedor de rolhas King Camp Gillette (1855-1932), ficou também imortalizada nas embalagens da lâmina (na foto acima, o rosto tão conhecido de King Gillette), tornando-o uma espécie de "garoto-propaganda" do próprio invento. De acordo com o escritor Marcelo Duarte, autor de "O Livro das Invenções" (Companhia das letras, 1997), Gillette teve a ideia da lâmina descartável depois de ouvir o conselho de um amigo para criar um produto que o freguês comprasse e depois jogasse fora, para logo depois comprar outro. 
Em 1895, King Gillette começou a reparar que apenas a ponta da navalha era necessária para fazer a barba. Dessa forma, ele imaginou uma lâmina de aço bem menor, que fosse descartável e com dois lados cortantes. Para viabilizar a produção da lâmina e que a mesma tivesse um bom corte, Gillette contou com a ajuda de vários técnicos, entre eles um mecânico, William Nickerson, que já tinha inventado um sistema de botões para serem utilizados em elevadores. Com a superação dos entraves operacionais para colocar em pratica a ideia surgiu a Gillete Safety Company e a produção da famosa lâmina começou em 1903. Claro, era necessário que o invento estivesse acompanhado do aparelho de barbear, como aparece em nosso Anúncio Antigo de hoje (na imagem mais acima). A ideia da lâmina de barbear para substituir a navalha não foi exclusividade de Gillette, mas o que impulsionou o seu negócio foi torná-la eficiente, pratica e barata. O fato de ser descartável era um estímulo para que as vendas se tornassem permanentes. 


O sucesso do produto não foi imediato, mas a partir de 1905 as vendas aumentaram. Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a fábrica de Gillette produziu mais de 3,5 milhões de aparelhos de barbear e 36 milhões de lâminas para o governo norte-americano, que distribuiu esses produtos para os soldados que foram lutar na Europa. Uma guerra pode prejudicar muitos e beneficiar outros, como podemos verificar. A lâmina Gillette começou a ser conhecida em todo o mundo e o resto virou história. 
King Gillette tornou-se um magnata (na foto acima, Gillette em 1927, com 72 anos) e dedicou os seus últimos anos de vida a propor a criação de uma sociedade mais humanizada e menos desigual. Em seu livro The Human Drift, Gillette defendia que todas as indústrias poderiam ser administradas por uma grande corporação comandada pelo Poder Público. O próprio Gillette chegou a oferecer o comando dessa corporação para o presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, o qual, obviamente, declinou da oferta. Tal proposta, de controle estatal sobre a atividade econômica, assemelhava-se ao socialismo na visão da elite norte-americana, sendo Gillette considerado por alguns estudiosos como um "socialista utópico". 
O Anúncio Antigo de hoje foi originalmente publicado na revista Manchete, edição de 03.03.1956, pagina 29. 
Crédito das Imagens:
Foto de King Gillette: Wikipédia.
Foto de King Gillette com 72 anos: www.washingtonpost.com








sexta-feira, 12 de junho de 2015

Anúncio Antigo 37: Dia dos Namorados




Neste Dia dos Namorados um anúncio simples, singelo e direto: o amor é o que importa. Sim, numa época em que era comum um material publicitário ter textos longos, sobretudo nos jornais e revistas, surpreende este material de propaganda. Com a evolução da mídia e sobretudo, da informática, os anúncios tenderam a uma maior objetividade no que se refere ao conteúdo. 
Claro, o apelo comercial sempre foi importante. Nos tempos atuais temos uma sequência sem fim em termos de campanhas publicitárias. Por exemplo, a época próxima ao Dia das Mães têm uma continuidade imediata com o Dia dos Namorados, este com as férias escolares e em seguida, no mês de agosto, com o Dia dos Pais. Ou seja, as motivações de mercado para a produção de peças publicitárias não param. 
Como o blog História Mundi privilegia a objetividade e a clareza nos textos, algo fundamental em uma época onde as pessoas são tão pouco apegadas à leitura, o material que selecionamos para homenagear todos os casais, vejam bem, estou me referindo a "todos os casais", combina com a ideia que defendemos. Aos caros leitores feliz Dia dos Namorados!
O Anúncio Antigo de hoje foi publicado no dia 06.06.1982, no jornal "O Estado de S. Paulo", pelo Jumbo Eletro, que um dia já foi Pão de Açucar e hoje atende pelo nome de Extra. 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Anúncio Antigo 36: Salão da Criança



Para aqueles que já cruzaram a faixa dos cinquenta anos e passaram a sua infância na capital paulista, como este blogueiro, a lembrança da Semana da Criança, no início do mês de outubro, estava associada a um evento que marcou época em São Paulo: o Salão da Criança. Inicialmente realizado no Pavilhão do Ibirapuera e depois, no início da década de 1970, no Anhembi, o Salão era muito aguardado pela garotada. Era o momento de nos divertirmos com os palhaços, que sempre nos recebiam na entrada do evento, de vermos as novidades em matéria de brinquedos, jogos, livros infantis (às vezes, nem tanto) e os modelos de bicicletas que estavam surgindo no mercado. O meu primeiro livro de história foi comprado por meu pai nesse evento. Tratava-se de uma História do Brasil em Quadrinhos, a qual, recentemente, pude ter de volta em uma compra na internet. 
Pois bem, o Anúncio Antigo de hoje nos traz essa lembrança, mas de uma forma não tão voltada para o público infantil. A frase do material publicitário faz um trocadilho com um dos lemas da Ditadura Militar: "Brasil, ame-o ou deixe-o". Ou seja, para aqueles que não estivessem satisfeitos com o governo, a "porta da rua era serventia da casa". Um recado direto para todos os que faziam algum tipo de oposição, sobretudo aquela que não era tolerada, aquela que apontava para os graves problemas do país, como o arrocho salarial, a concentração de renda, a violenta repressão policial e as desigualdades regionais. Para a classe média mais privilegiada, que conseguiu se dar bem com o ilusório "milagre econômico", ter o seu automóvel e os eletrodomésticos mais desejados na época (televisão em preto e branco, geladeira, máquina de lavar, fogão moderno) a propaganda oficial alardeava as maravilhas do crescimento econômico, escondendo as distorções sociais. Tratava-se de um crescimento que gerava o inchamento das cidades, as periferias pobres, a violência urbana (sim, ela veio dessa época) e um amplo segmento da sociedade marginalizado e que não foi contemplado com o crescimento econômico.
Mas as crianças de melhor condição social, o ingresso do Salão não era barato, apenas aguardavam a época do evento para se divertirem. Como dizia um trecho da musiquinha da propaganda do Salão da Criança na televisão, que ainda recordo: "No Ibirapuera têm competição, têm pra criançada muita diversão...".
O Anúncio Antigo de hoje foi publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", do dia 08.10.1970. 
Para ver o jingle do Salão da Criança vocês podem acessar:
https://www.youtube.com/watch?v=EESwsSGezyA